Sociedade
20 outubro 2020 às 05h40

"Bullying é para fracos." Campanha da PSP ensina a identificar vítimas e agressores

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A campanha da PSP está a decorrer nas escolas até 30 de outubro.

Sara de Melo Rocha

A Polícia de Segurança Pública (PSP) lançou a campanha "Bullying é para fracos" para sensibilizar alunos, professores e pais para as várias formas de bullying, quer sejam agressões físicas, passando pelas psicológicas e também da violência que chega através da internet.

Ao longo dos últimos anos letivos, as agressões físicas em contexto de bullying têm diminuído, mas a PSP tem registado um aumento do número de injúrias e ameaças. Para Hugo Guinote, intendente da PSP, os dados mostram que os agentes de segurança estão "a detetar e intervir mais precocemente na escalada do conflito com os próprios alunos - seja a própria vítima ou os pares - antes que chegue à ofensa corporal, acabam por denunciar a professores, a auxiliares ou à própria PSP".

A campanha dispõe de materiais pedagógicos, como apresentações em suporte digital, peças de teatro, filmes e conteúdos específicos produzidos pela PSP para os alunos do primeiro ciclo, de forma a ser mais fácil identificar comportamentos que resultam do bullying.

No campo social, a vítima de agressão pode mostrar desinteresse gradativo pelas atividades sociais que anteriormente lhe interessavam, a mudança de amigos, passar a praticar maus-tratos contra irmãos ou a animais domésticos e ainda episódios de automutilação e de tentativa ou ameaça de suicídio.

Na escola, de acordo com informação da PSP, a vítima de bullying pode registar uma descida nos resultados académicos, mas também pode começar a recusar-se a ir às aulas sem enunciar o motivo, pedir alterações de percursos entre a casa e escola e solicitar acompanhamento.

Em termos físicos, a PSP pede aos pais que estejam atentos a indícios como cortes, arranhões, hematomas, dores de cabeça e dores de barriga. "Além disto, começam a surgir bens danificados ou que as vítimas dizem que desapareceram, mas que, na realidade, foram danificados e a vítima não os traz para casa ou que foram roubados", explica Hugo Guinote.

No campo emocional, para além do isolamento e da timidez, a vítima de bullying pode sofrer de ansiedade, depressão e agressividade.

No Dia Mundial de Combate ao Bullying, que se celebra a 20 de outubro, a polícia lembra que é também importante apoiar a pessoa agressora, porque "muitas vezes sente-se desorientada e amedrontada e a única forma que tem de gerir os seus medos é através destes comportamentos impulsivos, desrespeitando as regras, e assim esconder a sua insegurança".

Hugo Guinote defende que o apoio ao agressor é, na verdade, a melhor forma de proteger a vítima, acrescentando que "o bullying é um sinal de fraqueza, de profunda insegurança e da necessidade que o agressor tem de recorrer à violência para dar resposta a um sentimento de medo e de ameaça que ele sente, sem que haja uma razão aparente para tal".