Sociedade
30 setembro 2020 às 12h37

Campanha da castanha com muitas incertezas por causa da Covid-19 e da vespa

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Vespa da galha do castanheiro deve afetar cerca de 30% da produção. Preços e procura do mercado também trazem incertezas.

Afonso de Sousa

As primeiras castanhas já começaram a cair mas, mesmo com a previsão de estar adiantada cerca de duas semanas, a campanha deste ano, deverá acontecer em força na segunda quinzena de outubro. Por causa da Covid-19, os produtores temem alguma indefinição nos mercados e a praga da vespa da galha do castanheiro deverá interferir negativamente na produção deste ano

Paulo Silva já apanhou as primeiras: "Um balde delas no fim de semana." O produtor da aldeia do Parâmio, no concelho de Bragança, acredita que a castanha este ano seja boa mas em menos quantidade por causa da temida praga que já se instalou nos soutos.

"A qualidade prevê-se que seja boa mas há muito menos que os outros anos. E a vespa da galha do castanheiro, na nossa zona, deve afetar cerca de 30% da produção." Paulo Silva colhe em média dez mil quilos. Este ano há muita apreensão em relação ao escoamento e ao preço por causa da Covid-19.

"A gente está com um bocado de receio porque não sabemos se os compradores aparecem, se podemos vender ou não e possivelmente o preço será mais baixo, quer dizer, o preço não sei mas o escoamento talvez esteja comprometido por causa da pandemia."

Abel Pereira é produtor de castanha no concelho de Vinhais e presidente da ARBÓREA - Associação Agroflorestal da Terra Fria Transmontana. Tem a mesma ideia sobre o que aí vem.

"Em termos de produção e dadas as condições climatéricas não será uma campanha má, em termos de preços é um bocado inseguro, está tudo instável. Um bom preço seria a rondar os dois euros."

E comunga da mesma ideia sobre as incertezas dos mercados por causa da pandemia. "Dado que a castanha, 80% é exportada não sabemos como funcionam os mercados internacionais e como vai funcionar o preço porque está sempre dependente desses fatores."

Apesar de já estar presente em todas as regiões do país que produzem castanha, Abel Pereira não acredita que este ano a vespa do castanheiro tenha já uma influência muito negativa. "Provavelmente na campanha do próximo ano começa a haver quebras, embora comecem já a aparecer efeitos indiretos."

A verdade é que as variedades mais temporãs já começaram a cair. O tempo fresco está a adoçar o apetite por elas. Bragança e Vinhais produzem cerca de 60% da castanha nacional e este é um dos produtos que mais dividendos dá às famílias transmontanas.

Este ano, por causa da pandemia, as duas feiras que lhe são dedicadas anualmente nestes dois concelhos, foram canceladas.