Em plena serra de Monchique, no caminho para Marmelete, José João está a limpar um terreno e a queimar mato numa fogueira.
Quando lhe perguntam se já tem tudo limpo, responde que não e diz que os prazos estabelecidos pelo Governo não fazem sentido.
"Têm que dar um prazo pelo menos até 30 de maio. Eles têm que vir ver a floresta, estão lá no poleiro e não sabem o que é o campo", argumenta. É o que muitos afirmam na Serra de Monchique.
Por ali, em Marmelete, passou, em 2003, um grande incêndio que alastrou a muitos concelhos. Por isso, há quem não facilite a vida ao fogo e cedo limpe o terreno à volta de casa. O pior é arranjar quem o faça.
José Alexandre, 84 anos, já não tem saúde para fazer esses trabalhos. No café, em Marmelete, tenta encontrar alguém que faça o serviço. Não está fácil.
"Aquele tem a roçadeira e não tem a viatura, o outro tem a viatura e não tem a máquina", lamenta. "E eu tenho mato à farta para limpar".
Na zona de Monchique não falta mato e vegetação para cortar. É uma zona de densa floresta, pelo que Ernesto Luz, dono de uma empresa que faz limpezas florestais, não tem tido mãos a medir.
O problema é a existência de muitas casas desabitadas na zona e de outras com proprietários que não se encontram no local e que desleixam os terrenos.
Antigamente, lembra José Alexandre, com o mato faziam-se camas para o gado ou era usado para fazer as fogueiras onde se destilava o medronho. Uma forma de limpar a floresta que caiu em desuso.