Desporto
17 janeiro 2020 às 08h50

Portistas querem ganhar em dois campos na mesma noite

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Na última jornada da primeira volta, um Porto imperial em casa recebe um Braga em crescendo no campeonato, e não pode mesmo falhar se quiser tirar proveito de uma eventual escorregadela do líder Benfica no dérbi de Lisboa, que se segue nesta sexta-feira de emoções fortes.

João Nuno Coelho

O peculiar campeonato português não para de surpreender: agora temos um duplo confronto de excelência, Porto-Braga e Sporting-Benfica, a uma sexta-feira à noite, com início logo às 19 horas, no Dragão.

Apesar de o Porto ter neste momento mais 17 pontos do que o Braga na classificação, ninguém esquecerá que os minhotos têm sido uma espécie de 4.º grande da década de 2010, e nos últimos dez anos apenas por duas vezes não ficaram nos quatro primeiros da tabela final. E por exemplo na temporada passada além de ficarem nos quatro primeiros lugares do campeonato os bracarenses jogaram as meias finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal. Além disso, num passado recente venceram o Porto em duas finais: Taça da Liga 2012/13 e Taça de Portugal 2015/16.

Porto sem margem para falhar

É incontornável a necessidade do Porto vencer o confronto desta sexta, se quer manter-se na luta pelo título, uma vez que o líder Benfica joga em Alvalade logo a seguir. E o clássico com o Benfica, no Dragão, é já no início de fevereiro.

A grande expetativa é saber que Braga aparecerá no Dragão: o visitante atrevido e letal da Liga Europa, com um pleno de vitórias fora na qualificação e na fase de grupos dessa competição (incluindo em terrenos complicados como os de Spartak de Moscovo, Besiktas ou Wolverampton) ou o tímido forasteiro que perdeu já quatro vezes nessa condição na liga interna (nas Aves, em Setúbal, no Bessa e em Alvalade).

É um facto que com o novo treinador - Rúben Amorim - ganhou na única deslocação e logo por 7-1, no Jamor, frente ao Belenenses SAD, mas não se pode estabelecer uma tendência com base num único jogo. Certo é que, com Amorim, o Braga continuou e até acelerou uma recuperação significativa na classificação, e depois de passar muito tempo a meio da tabela já chegou ao 5.º lugar, embora ainda a 5 pontos do 4.º (Sporting) e a seis do 3.º (Famalicão).

No Porto, os Guerreiros do Minho vão visitar a maior fortaleza da liga até ao momento: os portistas venceram os sete encontros que disputaram, marcando 18 golos e sofrendo...0. O pleno portista em casa estende-se às outras competições internas, nas quais apenas na passada terça-feira sofreu o primeiro golo no Dragão, perante o Varzim, nos quartos-de-final da Taça de Portugal.

Será interessante perceber que tipo de jogo teremos esta sexta-feira, uma vez que se defrontam a equipa com mais remates efetuados no campeonato, o Braga (média de 16.8 por jogo) e o conjunto que menos remates permite, o Porto (média de 7.3 por encontro). Curiosamente, os minhotos são também a equipa com mais remates dentro da área (9.4), o que não é habitual num 5.º classificado, mas que demonstra a sua apetência e capacidade ofensiva.

Veremos igualmente se os bracarenses conseguirão disfarçar um dos seus principais pontos fracos até ao momento: a defesa das bolas paradas, até porque o Porto vive muito dos golos apontados em lances deste tipo: sem contar penáltis já marcou 13 vezes na sequência de cantos (nove) e livres (quatro ), num total de 34 golos apontados na liga. Já o Braga é um dos piores a aproveitar as bolas paradas, com apenas um golo na sequência destas jogadas.

Dado também interessante: Porto e Braga são os conjuntos com mais posse de bola média no campeonato: 59% e 57.2%, respetivamente.

A importância dos laterais e da história

Em termos individuais, além da expetativa de perceber se Soares prosseguirá a sua saga de jogos consecutivos como titular sempre a marcar em todas as competições (7 jogos - 9 golos), este poderá ser um jogo com enorme preponderância dos defesas-laterais das duas equipas. No Porto, Corona (sete) e Alex Telles (cinco) são os dois jogadores com mais assistências, sendo que se contarmos os golos marcados (cinco por Alex Telles e um por Corona), a dupla teve influência direta em mais de metade dos tentos portistas na liga (18 em 34).

No Braga, Ricardo Esgaio já realizou cinco assistências, enquanto Nuno Sequeira só fez uma, mas em compensação é o segundo melhor da liga em termos de passes-chave (aqueles que provocam situações de concretização), com uma média de 2.6 por partida, logo depois de Bruno Fernandes (3.6).

Finalmente, a história. Neste particular, a vantagem é fortemente portista, uma vez que nos últimos 10 confrontos no Dragão para o campeonato o Porto ganhou nove e empatou apenas um, tendo vencido nas três derradeiras visitas bracarenses (embora por 1-0 em duas delas).