Desporto
29 dezembro 2018 às 15h16

Quem chega em primeiro ao Natal costuma ser campeão no final

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Em tempo de balanço da liga portuguesa, na sua breve pausa natalícia (ocupada com jogos da Taça da Liga), o Números Redondos desta semana destaca a tendência para que o "campeão" de Natal seja o vencedor final da prova, apesar de existirem diversas exceções a esta regra.

João Nuno Coelho

Mesmo que a Liga Portugal queira que o vencedor da Taça da Liga seja conhecido como "Campeão de Inverno", ainda há quem aplique o termo à equipa que chega ao Natal (ou ao fim do ano civil) como primeiro classificado do campeonato. Mas manda a tradição que esse "título" pertença à equipa que termina a primeira volta da liga no comando da classificação.

O ideal seria que o final da primeira volta coincidisse com o fim do ano civil, mas no caso do campeonato português isso parece cada vez mais longe de acontecer, ao contrário de outras ligas europeias, bem mais mediáticas. Nos últimos anos foi habitual a liga portuguesa fechar o ano civil com apenas uma jornada por realizar na primeira volta, mas na presente temporada ficamos somente na jornada 14, faltando ainda três rondas para se completar a primeira volta.

Tudo poderia ser diferente não fossem as diversas paragens de três semanas que se registaram em setembro, outubro e novembro. Pausas provocadas por jogos das seleções nacionais, e que aconteceram em todas as ligas europeias, mas que são bem mais longas no caso português, sem que tal se justifique.

Assim sendo, esta época temos um "campeão de Natal" - o FC Porto - que para ser "campeão de Inverno" necessita de segurar a vantagem de quatro pontos para o segundo - o Benfica - nas próximas três jornadas, que incluem uma deslocação portista a Alvalade.

Sabemos que não é a história que ganha campeonatos, mas para os dragões a atual vantagem natalícia pode ser bom sinal: é que desde a tal liga 1995/96 em mais de 70% dos casos o "campeão de Natal" sagrou-se depois campeão nacional - só em seis ocasiões tal não aconteceu.

O Porto "desperdiçou" essa vantagem em quatro ocasiões (duas vezes para o Benfica, uma para o Sporting e outra para o Boavista), enquanto o Benfica fez o mesmo em dois casos, ambos a favor do Porto.

Voltando a lembrar (porque é importante) que calendário está um pouco mais atrasado do que habitual, há um outro dado importante a destacar: nestes últimos 22 anos só por uma vez uma equipa desperdiçou uma vantagem natalícia de quatro ou mais pontos sobre o segundo (como a que o Porto tem atualmente): foi o Benfica, em 2008/09, que perdeu o campeonato para os dragões depois de chegar ao Natal exatamente com quatro pontos de avanço sobre os portistas.

Mas note-se que estamos a falar apenas de diferença pontual entre primeiro e segundo: é que por exemplo em 2015/16 no Natal o Porto tinha somente um ponto de vantagem sobre o segundo (o Sporting), mas quem se sagrou campeão foi o o Benfica, que na pausa natalícia era terceiro, a cinco pontos do Porto.

Por essas e por outras é que o melhor é não acreditar em campeões de Natal... Ainda mais na atual temporada, em que nesta altura entre o primeiro e o quarto classificado há somente seis pontos de diferença.

Nota: igualmente na edição semanal de "Números Redondos" (que pode ouvir aqui na íntegra) - as equipas e jogadores (nacionais e internacionais) com melhores desempenhos em 2018; a antevisão da última jornada da fase de grupos da "esquisita" Taça da Liga; o homem de quem os números falam: Jurgen Klopp